segunda-feira, 4 de maio de 2015

Aula 06/05/2015

Na aula do dia 06 de maio de 2015 serão realizadas três atividades:
  • Apresentar um diagrama da estrutura básica de design de um hipertexto;
  • Produzir de um hipertexto jornalístico ou educacional;
  • Apresentar novos tipos de links.

Vamos começar...

Figura 1 - Interligação
Atividade 1 -  Apresentar um diagrama da estrutura básica de design de um hipertexto

   Primeiramente, é importante explicar o que é um hipertexto. O hipertexto é um documento eletrônico interconectado ou coleção de unidades de informação interconectadas. Eles são projetados para efetuar a navegação através de um espaço de informações. Para criar um bom hipertexto é necessário pensar no projeto de navegação. A navegação é uma metáfora que se refere a como os usuários se movimentam por documentos hipertextuais. Isso forma uma espécie de rede e essa estrutura navegacional é construída através de links. Em outras palavras, os links proporcionam a capacidade de navegar entre diferentes hipertextos. (LIMA, 2004) Os hipertextos na internet são as próprias páginas web que acessamos, então os links permitem que acessemos diferentes páginas e leva-nos a descobrir novos conteúdos que estão interconectados. 

   Depois de falar um pouco sobre o conceito, vamos utilizar uma imagem e mostrar uma estrutura básica de design de um hipertexto. Temos como base a figura a seguir:

Figura 2 - Site Jornal da Poesia com poemas de Cecília Meireles
    Não está no diagrama todos os links, mas através dessa imagem simples é possível perceber que temos um tema principal e o site proporciona links que levam aos poemas de Cecília Meireles.


Figura 3 - Hipertexto do site Jornal da Poesia

    Essa seria uma estrutura básica na qual está estruturada a página mostrada. Nos retângulos laranja não estão todos os poemas, mas através disso é possível compreender que o site tem uma estrutura simples onde cada nome de poema é um link que leva a página que o leitor tem interesse. Por exemplo, clicando em Canção temos:

Figura 4 - Página com o poema Canção

    As imagens na figura também são links e levam a algum poema. Outras páginas teriam mais links ou estruturas mais complexas de acordo com a complexidade do conteúdo disponibilizado.




 Atividade 2 - Produzir um hipertexto jornalístico ou educacional

    Hipertexto Educacional

A crônica
§  Foco: características da crônica e argumentação.
§   Gênero:  crônica de humor, dissertação argumentativa.
§  Praticas de linguagem: artigo definido e indefinido; silogismo; parênteses e interrogação.



Um idoso na fila do Detran
Zuenir Ventura


"O senhor aqui é idoso", gritava a senhora para o guarda, no meio da confusão na porta do Detran da Avenida Presidente Vargas, apontando com o dedo o tal "senhor". Como ninguém protestasse, o policial abriu o caminho para que o 
velhinho enfim passasse à frente de todo mundo para buscar a sua carteira.

Olhei em volta e procurei com os olhos 0 velhinho, mas nada. De repente, percebi que o 
"idoso" que a dama solidária queria proteger do empurra-empurra não era outro senão eu.

Até hoje não me refiz do choque, eu que já tinha me acostumado a vários e traumáticos ritos de passagem para a maturidade: dos 40, quando em crise se entra pela primeira vez nos "entra"; dos 50, quando, deprimido, salte que jamais vai se fazer outros 50 (a gente acha que pode chegar aos 80, mas aos 100?); e dos 60, quando um eufemismo diz que a gente entrou na "terceira idade". Nunca passou pela minha cabeça que houvesse uma outra passagem, um outro marco, aos 65 anos. E, muito menos, nunca achei que viesse a ser chamado, tão cedo, de "idoso", ainda mais numa fila do Detran.

Na hora, tive vontade de pedir à tal senhora que falasse mais baixo. Na verdade, tive vontade mesmo foi de lhe dizer: "idoso é o senhor seu pai. O que mais irritava era a ausência total de hesitação ou dúvida. Como é que ela tinha tanta certeza? Que ousadia! Quem lhe garantia que eu tinha 65 anos, se nem pediu pra ver minha identidade? E 0 guarda paspalhão, por que não criou um caso, exigindo prova e documentos? Será que era tão evidente assim? Como além de idoso eu era um recém-operado, acabei aceitando ser colocado pela porta adentro. Mas confesso que furei a fila sonhando com a massa gritando, revoltada: "esse coroa tá furando a fila! Ele não é idoso! Manda ele lá pro fim!" Mas que nada, nem um pio.

O silêncio de aprovação aumentava o sentimento de que eu era ao mesmo tempo privilegiado e vítima — do tempo. Me lembrei da manhã em que acordei fazendo 60 anos: "Isso é uma sacanagem comigo", me disse, "eu não mereço." Há poucos dias, ao revelar minha idade, uma jovem universitária reagira assim: "Mas ninguém lhe dá isso." Respondi que, em matéria de idade, o triste é que ninguém precisa dar para você ter. De qualquer maneira, era um gentil consolo da linda jovem. Ali na porta do Detran, nem isso, nenhuma alma caridosa para me "dar" um pouco menos.

Subi e a mocinha da mesa de informações apontou para os balcões 15 e 16, onde havia um cartaz avisando: "Gestantes, deficientes físicos e pessoas idosas." Hesitei um pouco e ela, já impaciente, perguntou: "O senhor não tem mais de 65 anos? 
Não é idoso?"

— Não, sou gestante — tive vontade de responder, mas percebi que não carregava nenhum sinal aparente de que tinha amamentado ou estava prestes a amamentar alguém. Saí resmungando: "não tenho mais, tenho  65 anos."

O ridículo, a partir de uma certa idade, é como você fica avaro em matéria de tempo: briga por causa de um mês, de um dia. "Você nasceu no dia 14, eu sou do dia 15", já ouvi essa discussão.

Enquanto espero ser chamado, vou tentando me lembrar quem me faz companhia nesse triste transe. Ai, se não me falha a memória — e essa é a segunda coisa que mais falha nessa idade —, me lembro que Fernando Henrique, Maluf e Chico Anysio estariam sentados ali comigo. Por associação de ideias, ou de idades, vou recordando também que só no jornalismo, entre companheiros de geração, há um respeitável time dos que não entram mais em fila do Detran, ou estão quase não entrando: Ziraldo, Dines, Gullar, Evandro Carlos, Milton Coelho, Janio de Freitas (Lemos, Cony, Barreto, Armando e Figueiró 
já andam de graça em ônibus há um bom tempo). Sei que devo estar cometendo injustiça com um ou com outro — de ano, meses ou dias —, e eles vão ficar bravos. Mas não perdem por esperar: é questão de tempo.

Ah, sim, onde é que eu estava mesmo? "No Detran", diz uma voz. Ah, sim. "E o atendimento?" Ah, sim, está mais civilizado, há mais ordem e limpeza. Mas mesmo sem entrar em fila passa-se um dia para renovar a carteira. Pelo menos alguma coisa se renova nessa idade.

Zuenir 
Carlos Ventura nasceu em 01/06/1931 na cidade de Além Paraíba (MG). Após várias mudanças, em 1950 fixa-se na cidade do Rio de Janeiro, ingressando na Faculdade Nacional de Filosofia, da ex-Universidade do Brasil, hoje UFRJ, onde recebe o diploma de bacharel e licenciado em Letras Neolatinas. Colunista do jornal "O Globo" e da revista "Época", é autor de "1968 - O ano que não terminou", foi o ganhador do Prêmio Jabuti - 1995 , na categoria reportagem. São, de sua lavra, "Cidade partida", "Mal secreto - Inveja", "O Acre de Chico Mendes", "Minhas histórias dos outros", "1968 - O ano que não terminou / O que fizemos de nós", dentre outros.

Este texto foi publicado no livro "Crônicas de um fim de século", Ed. Objetiva - Rio de Janeiro - 1999 - pág. 25; e extraído do livro "As cem melhores crônicas brasileiras", Ed. Objetiva - Rio de Janeiro - 2007 - pág. 265 - organização de introdução de Joaquim Ferreira dos Santos.



Estudo do texto
1- O que você imaginou antes da leitura da crônica, confirmou-se ao final?
2- No trecho, “Ah, sim, onde é que eu estava mesmo? ‘No Detran’, diz uma voz.” De quem você acha que é essa voz citada pelo narrador?
3- Explique o que confere humor à crônica.
4- Os assuntos veiculados em uma crônica geralmente são extraídos da vida cotidiana e a eles é dado um toque de humor, crítica, poesia e sensibilidade. Em que consiste a sensibilidade apresentada nessa crônica?
5- O texto lido é uma crônica, uma narrativa curta, com fatos extraídos do cotidiano.
A)     Que fato cotidiano serviu de base para a construção dessa crônica?
B)     Quanto tempo duraram os acontecimentos narrados na crônica?
6- Em um momento do texto, o narrador conta como se sentiu ao ter sido considerado idoso.
A)     Por que as pessoas julgaram que ele era idoso?
B)     Que sentimentos ele demonstrou ter em relação a isso?
C)     Explique por que essa situação o incomodava tanto.
7- Na crônica “Um idoso na fila do Detran”, as pessoas demonstraram respeito pelo idoso, embora ele não assumisse como tal. No Brasil, o Estatuto do Idoso prevê pena, além de multa, para quem desrespeitar e discriminar idosos. Em sua opinião, medidas como essa ajudam a evitar atitudes desrespeitosas em relação ao idoso?
8- Na civilização oriental, o idoso é tratado com extremo respeito, pois é considerado um sábio, em virtude das experiências acumuladas ao longo da vida. Apesar de termos um estatuto que defende os direitos dos idosos, eles não são tratados da mesma forma. Em sua opinião, que outras medidas, além de um estatuto, deveriam ser tomadas para que os idosos fossem tratados com mais respeito?
9- Com base nas questões 7 e 8, na crônica em estudo e nas informações dos links da crônica produza um texto dissertativo versando sobre o tema "idoso". Portanto, procure expor suas ideias, analisa-las, discuti-las e, por fim, chegar a uma boa conclusão.






Referências

LIMA, G. A. B. A navegação em sistemas de hipertexto e seus aspectos cognitivos. Cadernos Bad, 2004, p. 126-138. Disponível em: http://eprints.rclis.org/10984/1/Lima.pdf. Acesso em: 04 mai. 2015.

Jornal da Poesia. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br/ceciliameireles01.html#cancao1. Acesso em: 04 mai. 2015.